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terça-feira, 25 de outubro de 2011

AS VEIAS ABERTAS DO CONTINENTE AFRICANO





Nos tempos da faculdade, eu tive a oportunidade de ler a obra do escritor uruguaio Eduardo Galeano, As veias abertas da América Latina”. Este belo exemplar, escrito no início da década de 70, confirmou a tese da Doutrina Monroe, esmiuçando o retalhamento dos norte – americanos na América Latina. Não muito distante dessa linha, encontra – se o continente africano, objeto de cobiça desde o século XV e desfigurado pelos europeus ao longo dos séculos. Essa ideia ainda é mantida nos tempos atuais e bem citada pelo escritor moçambicano Mia Couto [ COUTO, Mia: E se Obama fosse africano? Companhia das Letras, São Paulo, págs 202, 2009 ]. Esta obra é um conjunto de ensaios, com observações profundas sobre a formação plural da cultura africana, isentando a dívida histórica dos colonizadores, fazendo uma mea culpa que envolve Estados Totalitários, conflitos étnicos tribais e religiosos.
Um dos países que pode ser definido como um microcosmo da realidade nua e crua da África pós – colonização é o Zimbábue, citado na obra, devido a perseguição de negros contra a minoria branca e a extrema pobreza, que representa a África como um todo. A África Central com o conflito entre as etnias Tutsi e Hutus, a resistência de rebeldes armados, muitos jovens e crianças no Chifre da África, especificamente, na Eritréia , Serra Leoa com uma intensa e marcante guerra civil e a tentativa dos angolanos de reconstruírem o país pós – guerra civil.
O escritor vai no campo das hipóteses com a finalidade de eliminar estereótipos e um estruturalismo político – ideológico com totalitarismo, com a seguinte pergunta: E se Obama fosse africano? Segundo Mia Couto, o presidente Barack Obama, descendente de africanos, não seria eleito na África por não ser definido na própria África como negro, e sim mulato. Além, é claro, de não existir uma unidade étnica, o que impediria de ser eleito em um continente que representa um verdadeiro mosaico étnico e cultural. O escritor africano cita suas referências literárias, principalmente autores brasileiros. Dentre eles, escritores que reforçaram o conceito de literatura regional, Jorge Amado e Guimarães Rosa reforçando o Modernismo com obras intensas. O escritor mostra as veias de um continente, mas reforça as utopias que não saíram do campo metafísico, mas sem perder a esperança de reconstruir o continente africano e manter viva a História da África. Um livro que mostra uma ideia bem mais ampla sobre a formação humana e com uma antropologia cultural única de um povo que deixou legados para todos os povos.

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