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quarta-feira, 13 de abril de 2011

ARCAÍSMO COMO PROJETO



Por um bom tempo, historiadores como Celso Furtado e Caio Prado Jr escreveram textos e obras sobre o pragmatismo econômico, monopólio comercial, monocultura agroexportadora e escravismo no Brasil extremamente arcaico entre os séculos XVIII e XIX. O material humano era o negro cativo, preenchendo os campos, atendendo o capitalismo primitivo e mercantil. Para os historiadores dessa exemplar obra João Fragoso e Manolo Florentino, [ FRAGOSO,João e FLORENTINO, Manolo - O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil em uma economia colonial tardia, Rio de Janeiro, 1790-1840, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro,págs 237, 2001 ] os homens e alimentos eram importantes variáveis para o mercado atlântico. Celso Furtado observa a crueldade da aristocracia ruralista no trato de seus escravos, mas para Celso Furtado o fluxo de escravos era interessante para o senhor de terras, com um preço do escravo relativamente barato e gerando comércio exterior, ou seja, compra de escravos e consequentemente, a plantation. Segundo os historiadores dessa obra, Portugal e a elite mercantil foi em busca de um estruturalismo econômico ainda em formação na baixa Idade Média, por apresentar terras frágeis e compensação ultramarina na Índia. Na África, segundo a análise do historiador Ciro Cardoso, o continente é heterogêneo e um verdadeiro lócus social, celeiro de cativos. O Estado luso ainda sentia os efeitos da Guerra de Reconquista no século XIII e a necessidade da aristocracia de manter um status quo no mercado atlântico. O Rio de Janeiro passa a ter uma posição geopolítica perante o atlântico. No século XVI, a ainda pequena vila fluminense, atendia a Bahia, Pernambuco e Angola com exportação de farinha de mandioca, entretanto, com a descoberta do ouro nas gerais, o Rio passou a ter uma importância política e administrativa perante a elite aristocrática urbana e rural, exercendo funções para atender interesses particulares, principalmente com a larga e intensa comercialização de escravos, consolidando uma “sociedade escravocrata”. O crescimento demográfico de cativos, principalmente de adultos entre 18 e 40 anos, foi significativo entre os anos de 1790 e 1830. Os historiadores desse exemplar, citam cifras de entrada de cativos que fica em torno de 700 mil, atracando 1500 negreiros. A região fluminense destaca – se significativamente com a “indústria” de engenhos, superando Pernambuco e Bahia na produção de açúcar, consolidando um novo ponto geográfico na comercialização do produto. Campos dos Goytacazes. Nas décadas de 20 e 30 do século XIX, o café e o anil mantiveram intacta a cultura agrícola, denominada pelo historiador e antropólogo Stuart Schwartz como “renascimento agrícola” pós – surto do ouro. Alimentos e escravos entravam e saíam do Rio, intensificando o comércio entre Rio, Luanda, Lisboa e Índia, colocando o setor agrícola fluminense como uma das principais forças da economia colonial tardia. Luanda torna -se a principal zona de cativos, consolidando desde o século XVI como ponto de escambo. A flutuação de pretos congo - angolanos de 10 a 34 anos de idade entre Luanda e Rio de Janeiro variou em torno de 96,7% entre 1790 - 1807 e 80,9% entre 1810 - 1832, superando a importação de escravos em Salvador e Recife. São Paulo tornar - se importante na cultura da plantation de mandioca, milho e café a partir de 1830, assim com a capitania gaúcha na comercialização do charque e trigo por todo o Brasil. Segundo alguns códices do Arquivo Nacional, o comércio de escravos e de animais através dos tropeiros, estabeleceu uma rede comercial na região interiorana e litorânea entre 1802 - 1822. No tempo joanino, cerca de 15 famílias tinham o monopólio mercantil e controle absoluto de empréstimos financeiros. O hiato social que tomou conta do século XX tem raízes na história da colonização portuguesa.

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