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terça-feira, 12 de outubro de 2010

O LIVRO NÃO MORRERÁ!


Dois dos escritores mais significativos do mundo contemporâneo, Umberto Eco e Jean - Claude Carriére, foram intermediados pelo ensaísta e jornalista Jean – Philippe de Tonnac, na obra Não contem com o fim do livro – Rio de Janeiro – Record – 2010. O livro fala das obras atuais, raras e aliviando os angustiados com a possibilidade do fim dos livros, fruto dos avanços tecnológicos, nos últimos 30 anos. Na ótica dos escritores, a tecnologia tem um ótimo papel, principalmente na preservação de incunábulos ( livros raros ), entretanto, não tem nada mais prazeroso que folhear um livro, sentir o seu cheiro, misturado com obras de uma livraria.

Um livro pode manter suas informações por séculos, mas os escritores colocam em duvida, e isso é a mais pura verdade, manter intacta as informações em um pen-drive ou CD- ROM, na mesma temporalidade que um livro original dos séculos XII até XIX. Os próprios escritores são bibliófilos - colecionadores de obras muito raras que podem chegar à custar 700 mil euros – não mostram ceticismo com a possibilidade da eliminação de obras principalmente, por questões ideológicas, bem discutida por ambos, tendo como ponto nevrálgico do debate, o Nazismo e a queima de livros.

Uma prática com fortes raízes medievalistas, que adentrou na Idade Moderna, mas existiram pequenos arquipélagos de segurança dessas obras raras, como mosteiros medievalistas e as universidades de origem árabe, preservando a filosofia laica e peças de teatro, desde Eurípides, passando por Sófocles; Ibn Khaldoun por Omar Khayyan. Mesmo quando ocorreram destruição de bibliotecas, como a bem conhecida de Alexandria, no Egito.

Algumas obras definidas “heréticas” foram escamoteadas pela cristandade ortodoxa, por terem uma linguagem estóica, algo sui generis, alimentando uma hermenêutica totalmente equivocada. Jean – Claude Carriere faz um belo elogio ao amigo e também bibliófilo brasileiro José Mindlin, por ser não só um leitor e colecionador exemplar, mas por ser um verdadeiro arqueólogo do saber e dos livros, que não se encontram em nenhuma biblioteca pública ou privada.Os escritores, citam o fato de não terem ainda em mãos livros de qualidade excepcional. Muitos, com toda certeza, nem serão lidos, mas comparam suas estantes como uma verdadeira adega, como vinhos de Bourdeaux, en primeur, envelhecendo e amadurecendo e bebendo deste saber no momento adequado. Isso permitiu a minha reflexão ao analisar que ainda não li “Ulisses” de James Joyce ou “A formação da cristandade” do medievalista Paul Veyne, mas enfim, o importante é que existem belíssimas obras e para os entusiastas do e – book. Digo – lhes que os códices ( textos medievalistas e modernos ) e livros não morrerão. Não contem com o fim do livro!

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