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segunda-feira, 4 de março de 2013

RELAÇÕES DE FORÇA: FORRAS, ESCRAVAS E MULHERES LIVRES NO PERÍODO DOS OITOCENTOS.


A maioria dos historiadores e estudiosos da sociedade brasileira do século XIX sabem que este século deixou como em nenhum outro século anterior um expressivo número de documentos oficiais ou não, cartas, obras literárias e artigos em jornais ou periódicos sobre o quotidiano e as relações de força entre senhores, escravas, forras e mulheres livres no período dos oitocentos. A historiadora Maria Odila, discípula do historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda, nos leva ao quotidiano e cultura urbana e incipiente da sociedade paulistana com esta expressiva obra lida por mim. [ ODILA, Maria. Quotidiano e poder em São Paulo no século XIX. Ed. Brasiliense – São Paulo, págs 198, 1984 ]. A vida do sexo feminino no século XIX gerou interesse da historiadora, citando mulheres com descompostura e turbulentas, causando conflitos nas ruas, sobrados e numa condição que favorecia a inércia da aristocracia urbana. Quitandeiras, empregadas, forras e escravas que sentiam os efeitos das relações de força entre a sociedade burguesa e os excluídos, mas, mesmo assim, esta obra fragmenta o conceito ou estereótipo de uma sociedade absolutamente patriarcal.
O matriarcalismo urbano existiu, colocando as mulheres pobres; brancas e negras; forras ou escravas em uma condição de líderes familiares, vendendo quitutes afro – brasileiros pelas ruas de São Paulo ou viúvas que administravam negócios de seus falecidos ou ausentes maridos, mantendo a vitalidade comercial com escravos urbanos, originariamente de Angola, Moçambique e Congo. Sinhás e sinhazinhas tinham raríssimas aparições devido as badernas, criminalidade e hostilidades entre escravos, forros e ladrões em uma cidade que crescia rapidamente. A atividade cultural ou intelectual das mulheres praticamente era nula, com a polarização do analfabetismo e uma educação com um propósito maternal e manter a família nuclear, hierárquico, metódico e voltado para o estereótipo do objeto sexual tanto para as brancas, quanto para as negras alforriadas ou não.
A atividade manufatureira era caseira e ganha – pão das mulheres livres ou não, com a intensificação do plantio de algodão, porém as transformações no país nos anos oitocentos, foram fundamentais para uma adaptação dos elementos sociais com a abolição dos escravos, chegada de imigrantes portugueses e italianos em São Paulo e a urbanização. Um processo “civilizador” corroborado com o positivismo, fundamental na transformação do município em uma cidade em formação, numa cidade verdadeiramente multicultural, cosmopolita e rompendo com o Brasil Colonial.

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