O
teórico literário Todorov sempre foi um defensor de uma literatura plural,
possibilitando o desenvolvimento das demais ciências com os escritores que
fomentam o saber menos mecanicista. Esta observação é possível na obra do
escritor austríaco Gustav Janouch [ JANOUCH, Gustav. Conversas com Kafka. Ed.
Novo Século. Osasco - SP, págs 237, 2008
] sobre as inúmeras conversas com o criador das obras “O Processo” e “Metamorfose”.
Os dois escritores conversavam sobre o cotidiano, elementos da cultura humana
burguesa, as diferenças sociais, com uma crítica hermética sobre o mundo com
polidez, verossimilhança e sempre com uma retórica apolínea.
A
imagem que o caro leitor e apaixonado pela literatura kafkiana têm é pela consistência
filosófica e os anseios do homem sem um propósito de definir valores e
conceitos numa perspectiva temporal ou cronológica. Janouch salienta a leitura
mais significativa; a mais expressiva de Kafka que a melhor leitura é do outro,
das pessoas, buscando o humanismo para aguçarmos a sensibilidade e o próprio
existencialismo heideggeriano. Imagino eu, ideias sendo costuradas entre o
filósofo Heráclito e Kafka sobre rupturas, processos e metamorfoses dentro de
uma perspectiva metafísica e humana, cheio de solilóquios de um escritor que
fica longe da singularidade e do romantismo. Suas observações literárias são
menos abstratas e mais sólidas. O exercício da metafísica entre os escritores
tinha um importante espaço para uma análise sobre os poetas e intelectuais que
moldavam a própria literatura, do poeta Hans Klaus à Schopenhauer. O Aufklarung
ou Iluminismo germânico contribuíram para as observações explícitas ou implícitas
de ambos os escritores e fundamental para a propagação da língua alemã com uma
força humana que só foi vista com a mesma dimensão nos tempos de Goethe com a
obra “Fausto”. Esta obra de Gustav é uma acolhida ao pensamento literário e
filosófico de Kafka de uma forma moderna e inteligente.
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