Da Revista Médio Paraíba
em 28/12/2007
Tenho acompanhado nos últimos dias a atual crise no Paquistão e percebo que a morte da ex – primeira ministra Benazir Bhutto pode desencadear uma crise regional e no Paquistão ou “país dos puros”. Este termo foi criado por jovens intelectuais muçulmanos que estudavam na Inglaterra na década de 1930.
A construção política do país, ganhou força quando o grupo étnico e hegemônico punjabi, que por sinal controla etnias menores como os baluques, sindis e patãs, obteve vitórias nas eleições internas e tinham objetivos mais amplos como o controle da Cachemira.
Bhutto era o símbolo de paz, organização política e democracia, principalmente para o governo Bush. O Paquistão apresentava uma tríade política entre Pervez Musharraf que tem o poder nas mãos com um governo totalitário, os grupos extremistas que tentam minar o governo Musharraf e Benazir que defendia o sistema democrático.
A suas atividades intelectuais e sua ideologias ocidentais não eram bem vistas pelo ditador e pelos extremistas. Hoje o país encontra – se numa guerra civil sem precedentes, o que torna os estados de Punjab, Afegânia, Cachemira, Sind e Baluquistão em terrenos férteis para Al – Qaeda.
Este grupo terrorista considera Pervez Musharraf “persona non grata” na região, devido a sua postura geopolítica em relação ao Irã e Afeganistão, tendo como os principais motivos as tensões étnicas, o expansionismo econômico, a política do Irã na região e aos aliados da Rússia em toda a zona do subcontinente indiano e ao escoamento do petróleo e do gás natural, cujas jazidas encontram – se em países que não tem acesso ao mar, como o Casaquistão e o Turcomenistão.
As eleições que seriam realizadas em janeiro ficaram comprometidas com a morte da ex – primeira ministra e o futuro político do país é incerto. O caos está instalado e creio que a paz na região é algo que se distancia ainda mais. Só sei que o último sopro de pureza já não existe mais e tinha nome. Benazir Bhutto!
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