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quarta-feira, 6 de abril de 2011

A CRISE DA REPÚBLICA E A SOCIEDADE ROMANA


A crise na sociedade romana tem uma forte relação com as profundas e endêmicas diferenças sociais e econômicas dos escravos, homens livres de baixa renda, habitantes citadinos ou ruralistas das províncias distantes da capital romana, principalmente por origem étnica com aqueles que eram marginalizados por romanos patrícios como judeus, egípcios e etíopes. Uma das reivindicações essenciais dos itálicos era a cidadania romana, só fornecida entre os anos 91 e 89 a.C; obtendo direitos parciais dos ordo senatorius [ ordem senatorial ] e ordo equester [ ordem equestre ] entre populares e optimates, uma terminologia latina para designar o populacho e a elite patrícia. O conflito social ganha uma interessante dimensão durante a Guerra Social ( 91-89 a.C ) com uma crítica contundente à uma república oligárquica, corrupta e sangrenta cheia de ambições, característica ímpar na cultura mitológica [ Rômulo matou o irmão Remo por desejar o poder ]. A crise republicana torna – se um antagonismo sem igual entre escravos e senhores no século I a.C tendo como destaque a revolta de Espártaco e as sublevações de escravos na Grécia, Ásia Menor e em Siracusa. O número de seguidores do gladiador trácio Espártaco ficou em torno de 120.000 homens, mas Roma utilizou oito legiões, lideradas por Marco Licínio Crasso, bem esmiuçada pela historiadora Géza Alfoldy com a bela obra e sua narrativa [ ALFOLDY, Géza – A História Social de Roma, Lisboa. Ed. Presença,325 págs, 1989 ]. O tratamento dos romanos em relação aos itálicos era totalmente desumano e discriminatório e aprofundando as desigualdades com a ampliação de terras por uma elite intelectual e política, empobrecendo os camponeses, mesmo após implementaram a lei frumentária e articulações de Tibério Graco no Senado. Conflitos pelo poder, alianças, guerras civis e choque social marcaram profundamente a “coisa pública”, colocando a sociedade romana em uma transição entre república oligárquica e monarquia imperial, após a queda de Gaio Júlio César em 46 a.C. Os escravos urbis eram tratados sem diferenciação dos escravos ruralistas, denominados plebs urbana e plebs rústica. Mobilidade ou ascensão de escravos só foi registrada por historiadores como Sêneca ou geógrafo Estrabão, como a surreal mobilidade econômica de Trimalquião no Imperium Romanum. A forma de governo, nomenclatura e interesses políticos mudaram sensivelmente entre República e Império na Roma Antiga, porém o hiato social e econômico persistiu entre os séculos I a.C e V d.C, acirrando ainda mais as classes sociais com sangue e suor da plebe e escravos. Em Roma, tudo foi superlativo.

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