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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

UM CERTO POETA


Esta leveza espiritual era uma das marcas registradas do escritor e poeta tcheco Rainer Maria Rilke ( 1875 – 1926 ). Este artista da sensibilidade humana, era um neo -romântico vanguardista e um pensador lírico, estudado por mentes brilhantes como Pedro Süsseking e Manuel Bandeira, enaltecendo as prosas do poeta, que tinha um amplo domínio da língua alemã. Sua escrita refinada alimentava as almas mais agudas e sensitivas, buscando a transparência da sua alma e conceitos humanos que ficam perdidos dentro dos espíritos que estão entregues as angústias e dilemas do nosso cotidiano. Entre 1902 e 1908, o poeta escreveu com uma sutileza sui generis e finura como poucos, rabiscando linhas de uma forma subjetiva, dando ênfase nos rumos de uma forma poética:

O mundo estava no rosto da amada

“O mundo estava no rosto da amada – e logo converteu – se em nada, em mundo fora de alcance, mundo – além.

Porque não o bebi quando o encontrei no rosto amado, um mundo à mão, ali, aroma em minha boca, eu só seu rei?

Ah, eu bebi. Com que sede eu bebi. Mas eu também estava pleno de mundo, e bebendo, eu mesmo transbordei.”

Rilke escreveu cartas para o amigo, intelectual e jovem Franz Xaver Kappus, com doses homeopáticas de ânimo e sabedoria, nos momentos de inquietações e sofrimento da sociedade, buscando o bem com ele mesmo e ajudando o próximo, sem interesses mundanos, buscando uma auto – reflexão em um mundo tão cruel. O medo, o novo, são elementos que representam a doce loucura kafkiana, ou seja, uma verdadeira metamorfose, um fenômeno natural em que todos nós passamos, com rupturas, bebendo até transbordar com sapiência da vida. Fonte inesgotável dos grandes poetas. Segundo o filósofo alemão Nietzsche: “Eu não sou louco, o mundo que é louco!”. Neste mundo pós – moderno e louco, precisamos fazer o bem, com homeopatia de amor! Só assim, enxergaremos melhor o sistema, a nossa sociedade como um clínico geral observa os seus pacientes, com um raio – x no mínimo elementar. Sua obra é um testamento para todos os apaixonados pela vida, com pitadas de humanismo e talvez o último representante do Modernismo. O último suspiro de um período romântico na nossa literatura.

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