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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O SÉCULO CRISTÃO


No século IV, o Império Romano estava subdividido em quatro coimperadores, que dominavam o espaço geográfico imperial de uma forma fraterna entre imperadores que dividiam o Oriente Romano ( Grécia, Turquia, Síria e Egito ) e o vasto Império do Ocidente, que ia do Danúbio até o Magreb dominado pelo Imperador Licínio e as antigas Gália Cisalpina, Hispânia e Britânia pelo conquistador Constantino, porém um certo ladrão chamado Maxêncio, usurpou a Península Italiana e Roma.

Mas após um sonho de caráter divino, Constantino ( foto dele no trono ) converteu – se ao cristianismo, em que um anjo daria a notícia da vitória em nome de Deus e Cristo, surgindo o crisma da vitória sobre Maxêncio. Licínio era pagão e o paganismo conviveu harmoniosamente com a cristandade entre 313 e 324 d.C. Na ótica cristã, o paganismo era uma superstição desprezível, um cristianismo com filosofia da verdade, suprema sobre o neoplatonismo, agnosticismo e paganismo. A dialética entre o cristianismo e o paganismo estava num crescimento razoável no século IV, mas havia semelhança entre a nova religião e as culturas mitológicas, no quesito protecionismo.

Segundo o autor do livro ( VEYNE, Paul – Quando nosso mundo se tornou cristão: [ 312-394 ] – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010 ), um renomado historiador, a idéia de aviso metafísico não tem origem propriamente cristã, e é anterior ao nascimento de Cristo. O militar romano Marco Aurélio temia a sede de seus legionários, mas o deus Júpiter Pluvius mandou chuva como resposta divina. Constantino não só converteu – se em cristão em 312, mas também consolidou um Império Cristão com moralidade, mistério e simplicidade.

Um fascínio entre a simplicidade e complexidade ainda não compreendida por muitos no século IV. Como um libertador espiritual, Constantino consolidou a cristandade com conquistas, como na carta de Constantino a Ário, no ano 324: “Está em meus desígnios restaurar e harmonizar o corpo do nosso mundo [ romano ], que estava gravemente ferido; meu objetivo é corrigir isso pela força das armas”. Com propriedade, Constantino libertou Roma em 315 do ditador pagão Maxêncio, “inspirado pela divindade”, instinctu divinitatis, com a testemunha ocular do escritor cristão Lactâncio.

Na gestão imperial de Constâncio II, a prática de sacrifícios que até então era tolerado, foi perdida por imperadores pós – Constantino. O judaísmo caiu na desgraça, com um antissemitismo de pagãos e cristãos, tendo Constantino como um representante legítimo do Salvador na Roma libertina, bem esclarecido pelo historiador romano e pagão Amiano Marcelino, ao defini-lo como “renovador e agitador das coisas”, como um profeta do Império Cristão, escrevendo de uma forma hegeliana, enfim plena, aos bispos que estavam reunidos no Concílio de Tiro: “Não podereis negar que sou autenticamente servidor de Deus, porque minha piedade faz com que tudo viva em paz; os próprios bárbaros, que até o presente ignoravam a Verdade, agora conhecem Deus graças a mim, seu servidor, louvam seu nome como convém e o temem, porque os fatos os levaram a constatar que Deus era por toda parte meu escudo e minha providência; eles nos temem porque temem a Deus”.

Mesmo tendo alternância entre imperadores pagãos e cristãos, o cristianismo ganha solidez em um século de Constantino, formando uma mentalidade nova e herdada desde Constâncio II até o Imperador Teodoro, no século VI, com novos desafios com cismas e o choque ideológico com o islam pós – Maomé. Com isso, o cristianismo torna – se a nova plenitude do homem, estilhaçando a cultura politeísta pagã, tão presente na prostituta Roma.

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