O
escritor vanguardista João do Rio ( FOTO ) foi um dos poucos cronistas que soube colocar
nas letras, a alma inquietante da cidade do Rio de Janeiro, cidade que ainda pulsa,
de uma forma bem diferente em um mundo pós – moderno, mas o cotidiano dos
cariocas e brasileiros que seguiam para o Rio deslumbrou este magnífico
cronista, com um olhar sui generis da cultura urbana através da obra [ RIO,
João do - A alma encantadora das ruas,
Companhia das Letras, Rio de Janeiro, 1997, 405 págs ]. As mulheres nas janelas
de suas casas como molduras, olhando o trânsito de pessoas, invejando as jovens
e senhoras distintas que viam ex – escravas percorrendo vielas e ruas largas
pelo centro do Rio de Janeiro, uma sociedade totalmente comprometida com o
capitalismo, nas observações do Oscar Wilde tupiniquim.
Nas
suas andanças na antiga Avenida Central ( Rio Branco ), João fazia sua leitura
particular sobre o paradoxo de uma cidade que buscava civilizar – se com
construções neoclássicas, da Art Nouveau, sob forte influência da Belle Époque
e cortiços que foram colocados à baixo pelo prefeito Pereira Passos,
alimentando almas com paixão, descrição, bem definida por ele: “Movemos as
nossas mãos e damos vibração à atmosfera que as cerca. A vibração estende – se indefinidamente,
de modo que o impulso dado chega a todas as partes da terra e do ar. Os
movimentos da alma têm também a sua matemática moral”. O Rio é o néctar do
escritor, bebendo o absinto cultural, o povo mesclado de etnias, idéias,
conceitos, o pater famílias como herança de um Brasil Colônia, mas rompida com
o arcaísmo e totalmente entregue ao Modernismo, primeiramente literário,
radiando uma nova mentalidade, uma antítese que estava presente em um Brasil em
transformação, um novo Rio. A melhor maneira de pensar sobre o Rio, ler o Rio
de Janeiro, este mundo distante, mas ao mesmo tempo presente com seus prédios e
casarões no centro do Rio. Uma cidade que encantou o acadêmico e todos que
olham o Rio com encanto e vibração.
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