O que busca?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O SOCRATISMO RUSSO E O SUBMUNDO DA ALMA HUMANA


O grandioso escritor do Romantismo russo Fiodor Dostoiévski ( 1821-  1881 ) escreveu textos que podem e devem ser encarados como obra freudiana [ DOSTOIÉVSKI, Fiodor. Notas do Subterrâneo. Ed. Bertrand Brasil. Rio de Janeiro – RJ, págs 144, 2010 ], com o compromisso socrático de conhecer ele mesmo, suas dualidades, uma náusea humana, dores físicas de um homem em um processo entre a compreensão e a incompreensão, o entendimento de uma forma jocosa, levemente em um subterrâneo visceral, literal e perfeitamente humano de um escritor que sentia a perda da sua identidade entre a razão e a loucura, o liberal e o conservador, típicos do século XIX. A angústia de eliminar muros intransponíveis, ou seja, o estruturalismo comportamental, pragmático e metódico. O homem que esbofeteia o seu semelhante, claro, no sentido figurado, com baixeza, repugnância que sentimos como um rato do submundo.
O desejo de eliminar a inércia e a falsa utopia em uma Rússia, em uma Europa nada “civilizada” em tempos de barbarismo, em um tempo de “guerra e paz” tolstoiana, mas internamente, o homem em conflito com o seu ser. A vida não é uma ciência exata, existe a inconstância do homem. O sofrimento não é uma subtração existencialista, mas uma novo processo que influenciou vários escritores, dentre eles, Franz Kafka nas suas metamorfoses, entre o bem-estar e o sofrimento, humanizando, lapidando o ser humano, amadurecendo internamente. Uma estranha, porém pertinente reciprocidade e paradoxo que compunha o cenário frio, sombrio da Rússia dos Czares, superficial de uma sociedade burguesa, tosca, desumana e torpe. A hipocrisia era a característica peculiar da classe burguesa, tentando manter uma atmosfera perfeccionista e criticada por vários escritores contemporâneos de Dostoiévski, como Gustave Flaubert com a magnífica obra “Madame Bovary” ou o polêmico crítico do sistema oitocentista Eça de Queiróz, com as obras “O crime do padre Amaro”, “O primo Basílio” e “Os Maias”, claramente contrário ao sistema ortodoxo. Assim como Nietzsche, o escritor russo desejava um mundo humano, demasiadamente humano e que escreveu em notas, um mundo subterrâneo com uma literatura real, totalmente anti – heróica e que foi além das fronteiras do seu tempo com o naturalismo e marca fundamental da cultura literária russa e do século XIX.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário