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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O LEGADO DE UM HISTORIADOR E O FIM DE UMA ERA


Como historiador e professor de História, eu não poderia deixar de relembrar o falecido historiador marxista Eric Hobsbawn ( FOTO ) e algumas de suas obras que marcaram a minha vida de leitor, professor e escritor. A sua morte representa o fim de uma era na historiografia marxista global. O historiador era uma verdadeira enciclopédia e um profundo estudioso da História nos séculos XIX e XX, influenciando vários pensadores renomados e todos os apaixonados pela literatura científica e histórica no nosso tempo presente. A obra “A Era dos Extremos”, foi sem dúvida, a sua maior marca e sua mais completa obra. Ele mesmo, que viveu o período citado na obra em 1917, ano em que nasceu e início da Revolução Russa e de uma nova "era" até a derrocada da União Soviética em 1991, como um tempo interessante, tema, aliás, da sua autobiografia intitulada e lida por mim, “Tempos Interessantes” e regada de conhecimento empírico e teórico, desde a sua formação acadêmica na renomada instituição britânica “London School of Economics”, formando – se em história econômica, com uma visão ainda ortodoxa e membro do Partido Comunista Inglês.
Com uma didática exemplar, o historiador dividiu a nossa história contemporânea em “Eras”, um estruturalismo peculiar e fundamental para aqueles que viam a ascensão de Estados de uma forma imperial e o neocolonialismo darwinista com a obra “A Era dos Impérios”, colocando de uma forma clássica o materialismo histórico que encantaria e seria lido com gosto pelo próprio Karl Marx e Antonio Gramsci. “A Era do Capital” tem uma linha de um típico historiador estudioso do sistema econômico e marxista, fomentando a problemática social e a metafísica das quinquilharias da classe burguesa nos anos dos oitocentos. No início do século XXI, mesmo com a idade avançada, Hobsbawn continuava com as suas atividades intelectuais e escrevia sobre tudo, principalmente sobre a Globalização pós – Guerra Fria, dividindo este importante tema com o outro grandioso intelectual Noam Chonsky. Dentre tantas obras que eu li e algumas que já citei aqui, não poderiam ficar de fora as obras “Sobre História” e “O Bicentenário da Revolução Francesa”. A primeira, ele faz uma verdadeira apologia da atividade intelectual histórica, causas e consequências com seminários e palestras que ele realizou nas principais universidades do planeta e a segunda ele faz uma bela referência, com semelhanças e diferenças da Revolução Francesa ( 1789 ) com a Revolução Russa ( 1917 ). Este historiador, nascido em Alexandria, Egito, criado em Viena, Áustria e educado em Londres, Inglaterra, não poderia deixar de ter uma visão global, formação cosmopolita e voltada para o seu tempo.  Na minha humilde opinião, os principais intelectuais do nosso tempo são Jacques Le Goff, Umberto Eco, Carlo Ginzburg e Eric Hobsbawn. Com a morte de Hobsbawn, tivemos o fim de uma era, mas a sua produção histórica é um verdadeiro testamento para os atuais e futuros estudiosos do complexo sistema humano e suas variantes. O seu legado é verdadeiramente eterno e será por muito tempo contemporânea.

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