O
escritor e filósofo István Mészaros publicou uma obra [ MÉSZAROS, István. A obra de Sartre: busca da liberdade e desafio da história - São Paulo: Boitempo, 330 págs, 2012 ] sobre as atividades
literária e filosófica de Jean - Paul
Sartre ( Foto ), com o propósito de colocar o engajamento literário e intelectual em
evidência. A práxis, a dialética de Sartre com os seus contemporâneos, sua
visão política, visto por militares como persona non grata devido as suas
críticas ao militarismo francês em antigas colônias. Na literatura, sua crença
é voltada na literatura total, com liberdade incondicional da escrita, vista
por ele mesmo como “beleza total”. Sartre era um crítico da literatura estéril,
universalização não metafísica, mas na praticidade. Escreveu obras fundamentais
para o exercício da literatura livre como “Crítica da razão dialética” e o “Ser
e o nada”, com uma fusão entre subjetividade e objetividade perante o sistema e
inclinado no pensamento de Kant: “Você deve, logo pode”.
Entre
1940 – 1941, Sartre cai nas mãos dos nazistas, e na prisão ele fez um estudo sobre
as obras dos filósofos Heidegger e Kierkegaard, fomentando uma literatura menos
abstrata, e cheio de ideias que consolidaram o “ser”, o elemento ser
existencial e total perante o nada e o vazio. Sua literatura, com vastos
textos, eram definidas por ele como síntese, contrapondo com o escritor Proust,
que curvava – se para a análise. Sua produção literária e filosófica ganhou
respeito por muitos na França e visibilidade, mas Simone de Beauvoir escreve:
“Se fosse necessário, ele teria se disposto a manter – se anônimo: o importante
era que suas ideias prevalecessem”. Ideias que acabou gerando discordância e
distanciamento de Albert Camus e Merleau – Ponty, devido as suas sínteses
subjetivas. Sartre explora o teatro para o entendimento através da
dramaticidade e da filosofia, não de uma forma dissertativa, mas como característica
de Hegel, totalmente representativa.
Os
seus estudos tinham como leitmotiv a filosofia da fenomenologia –
existencialista alemã para o exercício da dialética entre a literatura de
Flaubert e Sartre. Segundo Sartre: “Flaubert representa para mim exatamente o
oposto de minha concepção de literatura: desengajamento total e uma determinada
noção da forma que não é exatamente a que admiro [...] Ele começou a fascinar –
me exatamente porque o via como o contrário de mim mesmo”. O pensamento
sartriano é vanguardista para a compreensão intelectual total, pluralizar as
ideias, algo pertinente e atemporal. Sua visão política era vista com
entusiasmo em tempos de Guerra Fria com os movimentos revolucionários em Cuba,
Argélia e Vietnã, países do “Terceiro Mundo” em evidência no contexto da
política internacional e fundamentais para o desenvolvimento da sua literatura
– filosófica.
Na
década de 60, Sartre encontra – se com o historiador e amigo Raymond Aron para
o entendimento do materialismo metafísico, ou seja, a compreensão e o pensar
sobre as coisas materiais numa vertente filosófica e o estudo do precursor do
materialismo filosófico, o alemão Husserl. Seu engajamento foi essencial para a
compreensão histórica e a-histórica do homem numa perspectiva humana e dialeticamente
possível com o Partido Comunista Francês e jocosamente perante os escritores
Camus e Merleau – Ponty, distanciando – se de ambos. Sua postura de relativizar
as ideias favoreceu o próprio exercício da dialética, com uma perspicácia,
perante o pensamento a – histórico de Claude Lévi – Strauss e o avanço da
História, no mínimo, como dúbia, retrograda e sem sentido, claro, um crítico
proeminente da esquerda, incomodou um intelectual de esquerda como Sartre, que
buscava, segundo o filósofo Mészaros, uma visão “caleidoscópica” e passivo de
inter – relacionamento das dicotomias como “ser/nada”, “possiblidade/necessidade”,
“Em – si/ Para – si” para o exercício dialético, não possível de ser
compreendida por um antropólogo como Lévi – Strauss por ter sido conservador,
no que se refere ao conhecimento histórico e o pensamento filosófico. Sartre
tinha uma bandeira metafísica e vanguardista, característica peculiar dos que
estão à frente do seu tempo. A incondicional busca da liberdade, que nasce
através do pensamento livre. Um exercício sui generis daquele que foi hors –
concours no seu tempo.
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