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terça-feira, 23 de outubro de 2012

O PENSAMENTO SARTRIANO: MATERIALISMO METAFÍSICO, A DIALÉTICA E A RELATIVIZAÇÃO DAS IDEIAS.


O escritor e filósofo István Mészaros publicou uma obra [ MÉSZAROS, István. A obra de Sartre: busca da liberdade e desafio da história - São Paulo: Boitempo, 330 págs, 2012 ] sobre as atividades literária e filosófica de Jean  - Paul Sartre ( Foto ), com o propósito de colocar o engajamento literário e intelectual em evidência. A práxis, a dialética de Sartre com os seus contemporâneos, sua visão política, visto por militares como persona non grata devido as suas críticas ao militarismo francês em antigas colônias. Na literatura, sua crença é voltada na literatura total, com liberdade incondicional da escrita, vista por ele mesmo como “beleza total”. Sartre era um crítico da literatura estéril, universalização não metafísica, mas na praticidade. Escreveu obras fundamentais para o exercício da literatura livre como “Crítica da razão dialética” e o “Ser e o nada”, com uma fusão entre subjetividade e objetividade perante o sistema e inclinado no pensamento de Kant: “Você deve, logo pode”.
Entre 1940 – 1941, Sartre cai nas mãos dos nazistas, e na prisão ele fez um estudo sobre as obras dos filósofos Heidegger e Kierkegaard, fomentando uma literatura menos abstrata, e cheio de ideias que consolidaram o “ser”, o elemento ser existencial e total perante o nada e o vazio. Sua literatura, com vastos textos, eram definidas por ele como síntese, contrapondo com o escritor Proust, que curvava – se para a análise. Sua produção literária e filosófica ganhou respeito por muitos na França e visibilidade, mas Simone de Beauvoir escreve: “Se fosse necessário, ele teria se disposto a manter – se anônimo: o importante era que suas ideias prevalecessem”. Ideias que acabou gerando discordância e distanciamento de Albert Camus e Merleau – Ponty, devido as suas sínteses subjetivas. Sartre explora o teatro para o entendimento através da dramaticidade e da filosofia, não de uma forma dissertativa, mas como característica de Hegel, totalmente representativa.
Os seus estudos tinham como leitmotiv a filosofia da fenomenologia – existencialista alemã para o exercício da dialética entre a literatura de Flaubert e Sartre. Segundo Sartre: “Flaubert representa para mim exatamente o oposto de minha concepção de literatura: desengajamento total e uma determinada noção da forma que não é exatamente a que admiro [...] Ele começou a fascinar – me exatamente porque o via como o contrário de mim mesmo”. O pensamento sartriano é vanguardista para a compreensão intelectual total, pluralizar as ideias, algo pertinente e atemporal. Sua visão política era vista com entusiasmo em tempos de Guerra Fria com os movimentos revolucionários em Cuba, Argélia e Vietnã, países do “Terceiro Mundo” em evidência no contexto da política internacional e fundamentais para o desenvolvimento da sua literatura – filosófica.
Na década de 60, Sartre encontra – se com o historiador e amigo Raymond Aron para o entendimento do materialismo metafísico, ou seja, a compreensão e o pensar sobre as coisas materiais numa vertente filosófica e o estudo do precursor do materialismo filosófico, o alemão Husserl. Seu engajamento foi essencial para a compreensão histórica e a-histórica do homem numa perspectiva humana e dialeticamente possível com o Partido Comunista Francês e jocosamente perante os escritores Camus e Merleau – Ponty, distanciando – se de ambos. Sua postura de relativizar as ideias favoreceu o próprio exercício da dialética, com uma perspicácia, perante o pensamento a – histórico de Claude Lévi – Strauss e o avanço da História, no mínimo, como dúbia, retrograda e sem sentido, claro, um crítico proeminente da esquerda, incomodou um intelectual de esquerda como Sartre, que buscava, segundo o filósofo Mészaros, uma visão “caleidoscópica” e passivo de inter – relacionamento das dicotomias como “ser/nada”, “possiblidade/necessidade”, “Em – si/ Para – si” para o exercício dialético, não possível de ser compreendida por um antropólogo como Lévi – Strauss por ter sido conservador, no que se refere ao conhecimento histórico e o pensamento filosófico. Sartre tinha uma bandeira metafísica e vanguardista, característica peculiar dos que estão à frente do seu tempo. A incondicional busca da liberdade, que nasce através do pensamento livre. Um exercício sui generis daquele que foi hors – concours no seu tempo.

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