Depois
de um bom tempo eu decidi escrever sobre a velha crise entre a Palestina e
Israel, levando em consideração os novos atores da crise e os possíveis
resultados. Com este tema, não poderia deixar de citar o intelectual palestino
Edward Said. O falecido escritor Said foi professor da Universidade de Nova
York, com uma metodologia educacional e uma filosofia transparente para uma
melhor compreensão sobre a questão Palestina e o Islã. Ele dizia: “Para a
direita, o Islã representa o barbarismo. Para a esquerda, teocracia medieval.
Para o centro, um tipo de exotismo de mau gosto. Há no entanto, uma opinião
comum a todos, unânime, que mesmo, o pouco que se sabe sobre o mundo islâmico,
não há muito que possa ser aprovado lá”. O escritor desejava o reconhecimento
imediato da criação do Estado da Palestina, porém ele tinha certeza que este
projeto não seria realizado, devido o enfraquecimento da ONU , a instabilidade
entre grupos étnicos no Oriente Médio e o eterno confronto entre sionistas e
muçulmanos com autodeterminações religiosa e geográfica. Como renomado escritor
engajado, Edward Said sofreu perseguição do governo norte – americano e por
grupos ortodoxos judaicos. Se ele foi perseguido, imagina um cidadão comum da
Palestina? Os acordos anteriores, como
os que foram realizados na gestão presidencial de Bill Clinton, entre o
trabalhista moderado Ehud Barak e Yasser Arafat para a devolução de terras para
os palestinos em Gaza e Cisjordânia, em 1999 não surtiram o efeito esperado.
Os
assentamentos fizeram parte de um acordo diplomático frágil e sem futuro,
comprovado com as Intifadas ou “guerra das pedras” entre palestinos
simpatizantes do grupo extremista Hamas. A geografia complexa da Palestina
dificulta ainda mais o entendimento entre o Hamas e o Fatah, da Cisjordânia, da
Autoridade Palestina Mahmoud Abbas. O Hamas tem o apoio incondicional do Irã e
do extremista libanês Hezbollah que é acusado de envolver – se em um conflito
étnico no próprio Líbano por defender a Síria, em um confronto entre cristãos e
muçulmanos pró – Bashar Al – Assad e controlar prefeituras no Norte do Líbano,
fazendo fronteira com Israel.
Benjamim
Netanyahu tem seguido a mesma linha dura de Ariel Sharon, característica
peculiar do Partido Likkud, varrendo radicais em Gaza, mas levando também civis
e impedindo assim um avanço de Abbas na ONU
e enfraquecendo a Palestina como um estado em observação, e na minha humilde
opinião, um possível apoio da Liga Árabe e do principal apoio histórico do
Ocidente, a França do socialista François Hollande, poderá gerar intensas
batalhas das pedras na Palestina . O
objetivo de Israel é enfraquecer a possibilidade da Palestina de criar um
Estado, desviando o foco da retórica de Abbas na ONU, com uma política
reducionista, reacionária, comprometendo ainda mais a diplomacia na região,
fruto dos últimos acontecimentos entre Síria e Turquia, Estado membro da OTAN e
de importância geoestratégica por ser um país euro – asiático e seu espaço
aéreo invadido, gerando um mal – estar na região e o Irã com o regime dos
Aiatolás, desde a Revolução Iraniana ( 1979 ). A geopolítica da paz está longe
de ser resolvida e que a paz armada nunca foi o caminho. A História
mostra isso na fragilidade entre as duas Grandes Guerras e com os sentimentos que vieram a tona, fruto do ódio e ressentimento..
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