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terça-feira, 18 de outubro de 2011

CRÔNICA DE UMA MORTE AINDA NÃO ANUNCIADA





Há exatos dez anos, eu li a obra do sociólogo alemão Robert Kurz “O colapso da modernização”, citando a derrocada da União Soviética e a prostração dos russos comunistas pós – Gorbatchev. Os louros da vitória norte – americana reforçaram a auto – sapiência e a soberba dos anglo – saxões, tendo como referencial o presidente Ronald Reagan, com a vitória ideológica do capital frente ao comunismo. Os aforismos foram substituídos por um único sistema, uma única ideia, nascimento é claro, do neoliberalismo econômico, privatizando o capital em um mundo pós – moderno. Este mesmo mundo encontra – se numa berlinda social, exigindo de nós uma nova percepção geográfica sobre “quem é de quem” numa concepção neocolonial, criada é claro, pelos norte – americanos e europeus. Certamente, os geógrafos Hatzel e Paul Vidal de la Blache teriam que refazer novos conceitos cartográficos sobre o mundo, deixando murchas a soberba e o darwinismo para trás perante a ascensão dos emergentes.
O sociólogo e escritor Zigmunt Bauman definiu o capitalismo como um parasita, alimenta – se do próprio sistema. Sim, faço a mesma leitura do Bauman, acrescentando que este sistema vive através de metamorfoses, regenera – se, mesmo que ela venha buscar o marxismo, tema, agora, divinizado nos centros acadêmicos e tomando medidas keynesianistas defendidas pelos desesperados economistas para pulverizar a marcha dos “indignados” em Roma, Madri, Londres, Nova York, numa dialética entre capitalistas. Não vejo na atual conjuntura uma luta de classes, e sim, a luta da classe A contra tributos devido a crise mundial do capitalismo. Muitos vivem de aparência, tentando materializar a sua própria existência, fruto do parasitismo cânone do sistema e a inércia de uma elite imoral e amoral.
Este hiato social só favorece e reforça o conceito existencialista dos insiders e outsiders numa esfera global, tema pertinente pelos filósofos Heidegger e Habermas em um passado não muito remoto e contemporâneos da Crise de 29, buscando o papel do homem no século XX. Mas não desejo me aprofundar em epistemologia e sim em temas empíricos que corriqueiramente estão sendo relatados nos principais veículos de comunicação, conversas amigáveis em cafés e com uma utopia que toma conta de mim. O fim dos duelos do mercado financeiro, bom senso dos "donos do poder" e humanização do próprio homem. Só assim poderemos ver prosperidade e comunhão entre os povos.

2 comentários:

  1. ainda que o capitalismo (ou liberalismo - tanto o econômico quanto o social) pareça um problema, é impossível imaginar uma forma tão livre para nossas vidas. O mercado é uma troca fajuta sem obrigações - mas é certo que precisamos de algo para "quantificar" o quanto podemos ter. Pior é viver num mundo onde espera-se a aniquilação do outro através de uma ideologia. Vejo que o capitalismo (ou liberalismo) está além da ideologia.

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  2. A cartografia contemporânea se faz mais no sentido "rizomático", pensando em Deleuze e Guattari. Quanto ao conceito de classe, acredito que o weberiano seja mais fértil do que o marxista na contemporaneidade, por ser mais maleável. Parabéns pelo blog, está magnífico. Grande abraço.

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