O que busca?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O CAFÉ E O DEVIR





O comediante Chico Anysio fez em uma determinada ocasião, a seguinte definição sobre as três refeições do nosso dia a dia: “O brasileiro tem café, almoço e jantar”. Claro, em um país tão desigual, nem todos conseguem alimentar – se no desjejum, mas uma xícara de café é indispensável na vida de muitos, obviamente, por aqueles que são apaixonados ou dependentes mesmo da bebida que foi execrada pela igreja Católica, por ter pertencido aos árabes muçulmanos e foi quase excomungada no século XVI, mas o bom senso prevaleceu, foi batizada como bebida cristã e popularizada entre burgueses intelectualizados na Europa.
Tradicionalmente, só ou com amigos, tomo o meu café. Claro, um bom espresso pós – almoço, forte e adocicado, aguça o meu cérebro em tardes que são verdadeiros convites a uma cama e silêncio. O dever do trabalho é rapidamente substituído pelo devir extremamente perene entre um gole e outro de um café bem preparado, acompanhado de um amanteigado e água com gás. Observações com o meu mundo e os mundos que me cerca, não deixa nenhuma dúvida que a maiêutica socrática não pertence aos filósofos e educadores, mas sim, está intrínseco na vida das pessoas, carregados de observações e tendo como combustível para as ideias, o espresso que é servido em muitos cafés, olhando o ontem e o hoje.
Um bom livro torna – se um bom companheiro com o café, favorecendo o encurtamento do tempo, relendo a belíssima obra “História do Cerco de Lisboa” do glorioso escritor lusitano José Saramago, ocupando o meu tempo com um romance histórico inteligente e fluindo na minha mente a próxima aula. Ao término de mais um capítulo do best – seller, me dirijo à garçonete: “Mais um espresso, por favor!” e com uma gentileza bastante peculiar, ela me reponde: “Pois não, senhor”, seguindo com a minha leitura, observações ao meu redor, aguardando o tempo, sem pressa, porque já tive pressa.
Aproxima – se da hora do repouso de um trabalhador, aguardando a conta da simpática senhorita que me atendeu, pensando que no dia seguinte, no momento oportuno, continuarei com o meu ritual de ocupar o meu tempo, entre a manhã e o vespertino, com um bom café, se bobear, acompanhado de amigos que possam somar, multiplicar e dividir as suas leituras herméticas sobre o mundo. Nada melhor que o café e o devir nietzscheano para adoçar a vida!

2 comentários: